meu amor, na roda do seu cabelo corre água e nasce flor..."
Estava cansada e parei para comer. Uma pausa em meio a um dia corrido, cansativo, cinzento. Era apenas mais uma quinta-feira. Pedi meu lanche preferido e fui sentar. Ouvi umas risadas, vi 3 criancinhas brincando com suas surpresas e tinha alguém com elas. O avô. Olhei, ele tinha algo parecido com você... o cabelo para o lado, as rugas fortes que revelavam um passado sofrido, o olhar de ternura. Me concentrei no lanche, no discurso que faria na reunião que me aguardava, pensei porque eles tinham tirado o suco de limão do cardápio e ... nada. O riso daquelas crianças brincando na companhia do avô estava ali, ecoando por todo espaço e porque eu havia de ignorar? Senti meus olhos pesarem, os cílios palpitavam e aí uma lágrima escorreu. Eu olhava para o senhor, ele para mim, e não entendia nada. As pessoas deviam se perguntar “porque alguém chora comendo um cheddar?” Será que ela perdeu o emprego, brigou com o namorado, ou tinha feito promessa de nunca mais vir aqui? Lembra do dia que o Brasil ganhou a copa de 94 e você me levou na rua para ver o desfile? De quando você colocava a gente no fusca e levava para a estradinha de terra, e a gente se divertia como se fosse o parque de diversões mais moderno do mundo? Das música que você tocava na gaita? " o mineirinha..." E o seu orgulho quando disse que seria jornalista e "um dia vou abrir meu Estadão e vou ver seu nome aqui"... E da escadinha? Ah...você me ensinou os primeiros passos...não tinha como negar, fugir, e eu nao queria, chorei mesmo, senti saudades...sinto... a ultima vez eu sabia que era a despedida, o bilhete que deixei em seu bolso é toda a verdade... e guardo você comigo, esperando pelo nosso próximo abraço.
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