sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

solilóquio

Talvez os imensos limites da pátria me lembrem os puros
E amargue em meu coração a descrença.
Sinto-me tão cansado de sofrer, tão cansado! – algum dia, em alguma parte
Hei de lançar também as âncoras das promessas
Mas no meu coração intranqüilo não há senão fome e sede
De lembranças inexistentes.

O que resta da grande paisagem de pensamentos vividos
Dize, minha alma, senão o vazio?
São verdades as lágrimas, os estremecimentos, os tédios longos
As caminhadas infinitas no oco da eterna voz que te obriga?

E no entanto o que crê em ti não tem o teu amor aprisionado
Escravo de fruições efêmeras...
Ah, será para sempre assim... o beijo pouco do tempo
Na face presa da eternidade
E em todos os momentos a sensação pobre de estar vivendo
E ter em si somente o que não pode ser vivido
E em todos os momentos a beleza, e apenas
Num só momento a prece...
(...)
Vinícius de Morais

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O prazer é meu

Prazer em ter acordado num desses dias cinzas, em um sóbrio prédio da Faria Lima, sentada à frente de um psiquiatra que perguntava "Quanto do que você quer ser, você está sendo?". Não! Na verdade eu já havia acordado. Neste momento, só tive mais certeza. Certeza de que eu mereço o azul, a grama, o vento fresco... talvez até umas loucuras sem culpa... talvez até um amor que não seja só de verão...

É uma batalha. Acho que a ficha ainda não tinha caído, até ler algumas verdades abstratas que me deram ainda mais certeza. Nada não saber o fim da estrada. Nada como partir com certeza e amor...

Mais bonito do que largar tudo é saber que tudo me espera. Aqui e lá. Aqui, tudo estará do jeito que eu deixei. E eu vou voltar pra confirmar! Se cada vez que eu partir, tiver o carinho e a amizade que estou tendo agora... quero é viver de partida. Mesmo que parta o coração!

Todos estão aqui na parte de dentro.
Essa é a verdade.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

telegrama

há tempos não falamos e esses dias lembrei-me de você. encontrei o pano vermelho rabiscado de lembranças de um futuro não terminado. as coisas andam bem por aqui, apesar da imensa saudade. no dia que dançamos no escuro ninguém nos viu e quando fingimos não tinha mais ninguém naquele sonho do norte. era tudo tão simples! o abraço não terminei de te dar e a foto você disse que não mereceu.

soube que aquela já é a outra e a outra também já foi. aqui também já chegou. mas a distância não limita a saudade e essa não posso recusar. e enquanto você se inspira em outras histórias, vou escrevendo meu enredo e vivendo cada dia. já fui música, texto e poesia de quem não precisava falar. te espero para poder me contar.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

quintana

escrever não muda o mundo.
as pessoas mudam o mundo.
escrever muda as pessoas.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

sopro

há dias tentando escrever.

mentalizo algumas palavras, nada digno de um texto sobre. um começo preguiçoso, esperançoso e ao mesmo tempo sem expectativa nenhuma. é como se o ciclo ainda não tivesse se encerrado
e eu preciso das mudanças e que elas sejam marcadas. pelo ou menos do meu jeito. moça, se você pudesse parar e se olhar um pouco. e você, se pudesse ver as coisas e tentar fazer um pouco diferente. e perceber que, talvez, já foi. correr sem rumo até acabar a força ou achar algum atalho interessante para virar. amarelo, colorido, risada. partir, mudar, volver.

há dias tentando escrever...