quinta-feira, 14 de outubro de 2010

tem alguem aí?

Leu mais um pouco daquele livro indefinido que caiu na cabeceira da cama mês passado. A massagista disse que era bem divertido, mas não foi o que aconteceu. “Querida, um livro não é o que ele diz que é, e sim o que somos e o que nos tornamos enquanto o lemos”, pensou. Mas preferiu se calar para não parecer crítica demais. Estava naquele momento indeciso que não se sabe se está dormindo ou acordada enquanto decidia se lia mais um capítulo ou deixava para depois. Puxou seu aparelho de som e colocou os fones no ouvido. Havia ganhado uma coletânea de músicas novas que até pareciam merecer certa atenção.

O sol já vai se por, que venha o luar, que venha a cantar, todo bom cantador fazer rir e chorar...

Abriu os olhos no instante em que o celular clareou o quarto e avisou que da noite já se passavam algumas horas. Uma mensagem bonita, mas sem remetente.

..hoje a noite é sem fim, hoje nada é ruim...

Rabiscou os dedos pela tela gelada e adormeceu. “Eu nunca sei se o celular me acordou ou se eu abri os olhos e ele tocou”, resmungou e voltou a se enrolar no seu novo edredom que mais parecia um colchão de plumas irlandesas ou quem sabe até era de algodão. Mas o sono não veio e aquela frase não saia da sua cabeça.

...hoje eu vou batucar, vou pra todo lugar, com você junto a mim.

Quem diria tão belas palavras no meio da noite?

temporal

Tenho um amor fresco e com gosto de chuva e raios e urgências. Tenho um amor que me veio pronto, assim, água que caiu de repente, nuvem que não passa. Me escorrem desejos pelo rosto pelo corpo. Um amor susto. Um amor raio trovão fazendo barulho. Me bagunça. E chove em mim todos os dias.

Caio Fernando de Abreu

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

permita-se

sorrir, falar alto, sair sem pentear o cabelo, ouvir a música que você gosta no máximo volume e quantas vezes quiser. cantar totalmente desafinado enquanto finge que toca um violão. mesmo que seja com o braço errado. faltar na academia e comer três barras do seu chocolate favorito sem culpa. deixar o despertador esguelar e desligar a soneca. dormir até acordar. almoçar bolachas, pão velho mais qualquer outra mistura. jantar pizza e tomar cafe da manhã exatamente meia noite. deixar viver. ignorar uma ligação simplesmente porque não está afim. escrever e não ler, enviar sem pensar. sinceridade faz bem pra cabeça, lava a alma e eleva o coração. gritar pra quem quiser ouvir que você é feliz porque tem um amor ou porque está vivo. e olha que isso é motivo até demais. fingir que trabalhou muito enquanto leu blogs e conversou o dia inteiro. e quem disse que isso não engrandece? chorar de rir e rir porque está chorando. pegar o carro e viajar sem destino. dizer bom dia para todos desconhecidos. ser mãe e pai dos nossos pais. e fazer manha para o amigo. fazer careta pro espelho e morrer de rir. beber água até cair. e se embebedar antes mesmo de sair. usar sapato apertado pra ficar bonita, se maquiar tudo errado e com o andar desastrado. roubar a flor do vizinho, se perder pelo caminho esperando alguém te encontrar. chorar de saudade antes mesmo de partir. errar. consertar. errar de novo.
viver.
permita-me!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

intenso

As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam. Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas. O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar, duram uma eternidade.

- Clarice Lispector

quarta-feira, 23 de junho de 2010

ilimitado

"...o que ela era queria mesmo era ter a habilidade para decifrar o que ele dizia com aqueles olhos verdes (que ele jurava serem azuis) enquanto acariciava o seu violão. Queria achar as palavras para aquilo o que náo é dito, sentido ou cantado. Aquilo que é o tudo ou nada, porque afinal o que é ser o tudo quando o nada é o que ela se transforma quando ele está? Queria é entender essa mania dele de saber exatamente o que está passando na cabeça dela e a deixa desconcertada e extasiante, num encantamento que mais parece que ele já observava há tempos a mania dela de falar e fazer mais umas quinze coisas ao mesmo tempo. Que já entendia que a cada dia ela ia pensar uma coisa e no final ia tudo fazer sentido mas ele precisava ter paciência. E parecia tambem que sabia que as vezes ela ia mandar umas frases curtas como desabafo e que isso atrasaria mais a chegada da carta que ele queria receber. Mas que isso era a ansiedade de contar a novidade e o que estava se passando dentro dela. E entender porque para ele as coisas são tão simples e engraçadas e a contamina de forma tão rápida. Talvez ele também se assuste com isso, mas aí ele olha pra ela e eles então acham que é melhor tentar não entender. E vai ver que é isso mesmo, que às vezes é melhor não querer entender e achar o motivo, porque aí se você descobrir o entendimento fica muito limitado e às vezes não querer compreender deixa tudo mais aberto e mais fácil de respirar e talvez assim mesmo que deve ser se é que existe regra para isso não é mesmo?"

segunda-feira, 22 de março de 2010

também

acorde, menina
levanta que a vida não te espera
cante para ver nascer
você já sabe o que vai ser

porque tanto choro e tanto sono
paixao cinzenta e vazia
amor caotico e preguiçoso
sem vontade de ve-la sorrir?

levanta que a mare ta subindo
seu riso invade o caminho
do norte ao sul do país

a felicidade é sozinha e é livre
se perde e sofre também
intensa verdadeira pureza
beleza que é ver viver

menina viver menina...
sorria que a vida é sofrer
também

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

solilóquio

Talvez os imensos limites da pátria me lembrem os puros
E amargue em meu coração a descrença.
Sinto-me tão cansado de sofrer, tão cansado! – algum dia, em alguma parte
Hei de lançar também as âncoras das promessas
Mas no meu coração intranqüilo não há senão fome e sede
De lembranças inexistentes.

O que resta da grande paisagem de pensamentos vividos
Dize, minha alma, senão o vazio?
São verdades as lágrimas, os estremecimentos, os tédios longos
As caminhadas infinitas no oco da eterna voz que te obriga?

E no entanto o que crê em ti não tem o teu amor aprisionado
Escravo de fruições efêmeras...
Ah, será para sempre assim... o beijo pouco do tempo
Na face presa da eternidade
E em todos os momentos a sensação pobre de estar vivendo
E ter em si somente o que não pode ser vivido
E em todos os momentos a beleza, e apenas
Num só momento a prece...
(...)
Vinícius de Morais

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O prazer é meu

Prazer em ter acordado num desses dias cinzas, em um sóbrio prédio da Faria Lima, sentada à frente de um psiquiatra que perguntava "Quanto do que você quer ser, você está sendo?". Não! Na verdade eu já havia acordado. Neste momento, só tive mais certeza. Certeza de que eu mereço o azul, a grama, o vento fresco... talvez até umas loucuras sem culpa... talvez até um amor que não seja só de verão...

É uma batalha. Acho que a ficha ainda não tinha caído, até ler algumas verdades abstratas que me deram ainda mais certeza. Nada não saber o fim da estrada. Nada como partir com certeza e amor...

Mais bonito do que largar tudo é saber que tudo me espera. Aqui e lá. Aqui, tudo estará do jeito que eu deixei. E eu vou voltar pra confirmar! Se cada vez que eu partir, tiver o carinho e a amizade que estou tendo agora... quero é viver de partida. Mesmo que parta o coração!

Todos estão aqui na parte de dentro.
Essa é a verdade.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

telegrama

há tempos não falamos e esses dias lembrei-me de você. encontrei o pano vermelho rabiscado de lembranças de um futuro não terminado. as coisas andam bem por aqui, apesar da imensa saudade. no dia que dançamos no escuro ninguém nos viu e quando fingimos não tinha mais ninguém naquele sonho do norte. era tudo tão simples! o abraço não terminei de te dar e a foto você disse que não mereceu.

soube que aquela já é a outra e a outra também já foi. aqui também já chegou. mas a distância não limita a saudade e essa não posso recusar. e enquanto você se inspira em outras histórias, vou escrevendo meu enredo e vivendo cada dia. já fui música, texto e poesia de quem não precisava falar. te espero para poder me contar.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

quintana

escrever não muda o mundo.
as pessoas mudam o mundo.
escrever muda as pessoas.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

sopro

há dias tentando escrever.

mentalizo algumas palavras, nada digno de um texto sobre. um começo preguiçoso, esperançoso e ao mesmo tempo sem expectativa nenhuma. é como se o ciclo ainda não tivesse se encerrado
e eu preciso das mudanças e que elas sejam marcadas. pelo ou menos do meu jeito. moça, se você pudesse parar e se olhar um pouco. e você, se pudesse ver as coisas e tentar fazer um pouco diferente. e perceber que, talvez, já foi. correr sem rumo até acabar a força ou achar algum atalho interessante para virar. amarelo, colorido, risada. partir, mudar, volver.

há dias tentando escrever...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

uma pausa

um reflexo, tempo de parar e pensar.
o que foi, o que veio sem querer, o que se cumpriu e o que vai ficar.
quem foi, quem veio sem querer, que cumpriu seu dever e quem vai ficar.
quem quando que onde porque?
viverá.....

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

adolescência...

Era tudo certo como um e um são três ou zero ou um. No caso, eu. Aceitei ser a outra porque não era mais uma e você era aquilo. Quando estava comigo estava lá. Só eu e você. Parava o carro naquele condomínio fechado por uma catraca de cabine sempre vazia. Escolhia a árvore de maior sombra, abria um vinho e acendia a nossa viagem. Fora de órbita. Só eu e você. Foi assim aos dezesseis, aos dezessete e aos dezoito. Garotas gostam do que é incerto. Frio na barriga, não pertencem a ninguém.
[pausa]
Voltou aos vinte. e poucos. poucos e bons. Apareceu de surpresa, como sempre fazia. Falou o que a garota queria ouvir. Seis anos e uma cerveja. Você mudou e eu também. Seu sorriso já não basta mais. Vai ver que porque meu número da sorte é sete.vai ver que não jogo mais seu jogo. vai ver que eu cresci. vai ver que o encanto acabou. vai ver que não é a hora. vai ver?

domingo, 4 de outubro de 2009

suspiro

são as simples coincidências que me fazem voltar ao mesmo lugar. olhares, goles, desejos. pessoas diferentes, a busca pelas mesmas sensações. o não-encontro faz buscar sempre mais e novos. o mesmo. e surge mais um. brinquedo, diversão, passatempo. paixão. a harmonia perfeita entre letra e melodia. pés na areia. são várias as estrofes, os passeios, os desafinos. notas desenham-se calmamente entre as lágrimas. não existe pressa, podemos sempre voltar ao começo. aprender ... encontrar-nos nas coincidências de pensamentos. olhos perdidos que no vento buscam uma explicação. não há. não terá. somos nós.

sábado, 3 de outubro de 2009

dudu...

dudu é um cara feliz. gosta de fazer amigos e tomar cerveja. dudu gosta de trabalhar. mas tem preguiça de levantar cedo. dudu adora ler e escrever. dudu fala sozinho. faz careta pro espelho. e dá risada de si mesmo. dudu gosta de sol. do vento bagunçando o cabelo. e da paz que dá ver o mar. dudu adora viajar e trocar ideias. mesmo sem sair do seu lugar. dudu gosta de mudar. nao gosta de dormir sempre na sua cama. dudu gosta de abraco. principalmente quando é sem esperar. dudu gosta de surpresa. mas odeia quando tem que adivinhar. dudu é curioso. fala muito e pouco escuta. muito pensa. dudu adora conversar. mas da sua vida prefere guardar. dudu aprendeu a chorar. mas nao gosta de sofrer. dudu ... não chama dudu.