Leu mais um pouco daquele livro indefinido que caiu na cabeceira da cama mês passado. A massagista disse que era bem divertido, mas não foi o que aconteceu. “Querida, um livro não é o que ele diz que é, e sim o que somos e o que nos tornamos enquanto o lemos”, pensou. Mas preferiu se calar para não parecer crítica demais. Estava naquele momento indeciso que não se sabe se está dormindo ou acordada enquanto decidia se lia mais um capítulo ou deixava para depois. Puxou seu aparelho de som e colocou os fones no ouvido. Havia ganhado uma coletânea de músicas novas que até pareciam merecer certa atenção.
O sol já vai se por, que venha o luar, que venha a cantar, todo bom cantador fazer rir e chorar...
Abriu os olhos no instante em que o celular clareou o quarto e avisou que da noite já se passavam algumas horas. Uma mensagem bonita, mas sem remetente.
..hoje a noite é sem fim, hoje nada é ruim...
Rabiscou os dedos pela tela gelada e adormeceu. “Eu nunca sei se o celular me acordou ou se eu abri os olhos e ele tocou”, resmungou e voltou a se enrolar no seu novo edredom que mais parecia um colchão de plumas irlandesas ou quem sabe até era de algodão. Mas o sono não veio e aquela frase não saia da sua cabeça.
...hoje eu vou batucar, vou pra todo lugar, com você junto a mim.
Quem diria tão belas palavras no meio da noite?